Entenda de vez o que é inflação e como ela impacta na sua vida

Entenda de uma vez o que significa inflação e como minimizar seus efeitos.
Por Banco24Horas
01/11/2022
format_align_left 10 minutos de leitura

Entra ano, sai ano e parece que as coisas nunca mudam. Você vai ao mercado, à feira ou qualquer outro estabelecimento comercial e se depara com preços absurdos. Diante de tal situação, você começa a contar quanto dinheiro possui na carteira ou quanto tem em seu banco para ver se possui condições de seguir com a compra. Você seleciona os produtos cuidadosamente, para que eles não estourem seu orçamento. Quando chega ao caixa e o funcionário(a) começa a passar os produtos pelo leitor de preços você começa a se desesperar ao ver os valores subindo na tela e pensando se acabou fazendo a escolha certa. Ao final, na grande maioria das vezes, você acaba fazendo uma das duas coisas: ou retira parte dos produtos que pegou ou divide a compra em mais de um meio de pagamento ou cartão para conseguir levar tudo. 

Essa situação parece-lhe familiar? Se sim, você deve saber muito bem que não está sozinho. Praticamente todos os brasileiros sentem no bolso essa realidade e sofrem a duras penas as consequências de não poderem comprar aquilo que necessitam. Diante disso, você provavelmente já deve ter ouvido falar que a grande responsável por isso é a inflação. Mas você sabe o porquê ela ocorre? Quais são suas causas? O que pode ser feito para lidar com ela? Se você quer saber a resposta para essas perguntas e muito mais, não deixe de conferir o artigo que preparamos para você!

O que é inflação e como ela afeta nossas vidas?

Inflação é um termo utilizado na área econômica para definir um aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços dentro de um sistema econômico em determinado período. Ou seja, quanto maior a taxa dela, mais caro os produtos ficam. Diante de tal cenário, o poder de compra das pessoas acaba sendo prejudicado, já que a moeda em curso perde seu valor. 

Uma boa forma de entender isso é analisando o salário mínimo de nosso país. Todos os anos, o governo aplica reajustes que aumentam o seu valor base. Contudo dependendo da forma como essa inflação se comporte, esse aumento não valerá de muita coisa. Exemplo: Imagine que atualmente o salário mínimo de nosso país seja de R$ 1000,00 e que o reajuste previsto para o ano que vem seja de 5%, ou seja, em 2023 os trabalhadores passariam a ganhar R$ 1050,00. Contudo, a inflação do ano também fechou em 5%. Dessa forma, esse aumento de 50 reais nos salários dos trabalhadores não representou, de fato, um ganho real (nome que se dá quando a rentabilidade de um determinado investimento ou ativo, neste caso o salário, rende acima da inflação) já que, em média, os preços dos bens e serviços que eles consomem também aumentou em 5%. 

Qual a origem da inflação?

De certa maneira, a inflação existe desde os primeiros sistemas monetários implementados pelos seres humanos. Tomando o Império Romano como exemplo, na época a moeda em circulação era o Denário e o seu valor era baseado em seu próprio peso em ouro. Um dos imperadores mais famosos da história de Roma, Diocleciano se viu em uma situação que precisava de mais dinheiro para financiar seus gastos.

Em um contexto onde mais dinheiro significava mais ouro, o imperador teve a "brilhante" ideia de fabricar dinheiro utilizando menos ouro, já que o metal era muito raro para moedas serem produzidas em larga escala. Assim, por meio de uma lei, ordenou que o valor dessa nova moeda fosse o mesmo que o de sua antecessora.

O resultado disso? Mais denários foram produzidos e o valor do dinheiro começou a cair extraordinariamente, necessitando que mais dinheiro fosse produzido para comprar os mesmos bens. Porque? Porque agora que as moedas tinham, digamos, metade do ouro que possuíam, era preciso utilizar duas moedas ao invés de uma para comprar um saco de grãos que valia o preço de uma moeda de ouro completa, por exemplo.

Cego em seu orgulho, Diocleciano culpou os comerciantes pelo problema da alta dos preços, dizendo que a ganância deles é que prejudicava o sistema. O imperador não se atentou (ou pelo menos não quis se atentar) ao simples fato de que não se muda, da noite pro dia, toda uma economia baseada em um sistema de valor bem consolidado, neste caso o ouro.

Tamanha era sua soberba em reconhecer seu erro que em 301 D.C ele decretou o chamado “Edito Maximo”, que punia com a morte quem vendesse produtos com preços acima do fora determinado. Claro que essa medida de congelamento de preços, tal como ocorre hoje nas economias modernas, acabou não dando certo.

De lá para cá, muitos povos enfrentaram períodos de alta na inflação. Seja devido a má gestão, crises externas ou fatores naturais, ao menos uma vez em sua história, toda nação teve que lidar com isso. Mas, você deve estar se perguntando: e o Brasil? Bom, você já sabe que a inflação nos afeta, mas tem ideia quando foi que isso começou a nos preocupar de verdade?

O pesadelo das décadas de 80 e 90

Quando a inflação está sob controle, em uma taxa ideal para nosso país, ela não é prejudicial. Do contrário, quando ela acaba ficando muito baixa, pode gerar um cenário tão ruim quanto está em alta, a chamada deflação(sugestão de pauta). Por agora, o que é importante entender é que o cenário de inflação muito alta ou hiperinflação como também é conhecida, tem suas raízes na década de 80 e 90, quando o Brasil passou por uma das piores crises inflacionárias de sua história. 

Especialistas divergem em relação ao porquê do Brasil ter chegado a tal ponto, contudo o mais provável é que uma série de fatores tenham contribuído para tal cenário como o descontrole dos gastos públicos, dívida interna e externa elevadas, crise internacional, especialmente a do petróleo e planos econômicos mal sucedidos que vinham de décadas anteriores, contribuíram para  o caos inflacionário nos anos 80 e 90.

Caso você não tenha vivido nessa época, pode ser difícil de imaginar que o aumento de preços era tão absurdo que ele era realizado diariamente. Funcionários remarcavam o preço dos produtos antes mesmo que as pessoas pudessem colocá-los no carrinho e se elas voltassem ao mercado no dia seguinte, adivinha? O preço havia subido ainda mais. Para se ter uma ideia, os números eram tão altos que entre julho de 1993 e junho de 1994 eles chegaram a 5.000% de inflação ao ano. Para frear esse aumento nos preços, uma série de medidas foram tentadas, como o Plano Cruzado ou o Plano Verão, mas todas se mostraram fracassadas. A solução veio como o chamado Plano Real, que junto com a nova moeda, o Real, marcou de vez o final desse período de instabilidade econômica e monetária.

Lançado no início de 1994, o plano teve como objetivo equilibrar as contas do governo, por meio da redução de gastos, aumento de impostos e privatizações, além da desindexação da economia, isto é, não haveria mais reajuste de preços de acordo com o que era apresentado pelos índices oficiais de variação. Dessa forma, a inflação passada deixou de corrigir automaticamente os preços e salários em vigência.

Com isso feito, o foco agora era criar uma equivalência entre a nova moeda que viria a surgir, o Real, e a moeda que circulava na época, o Cruzeiro Real. Para que isso fosse possível, foi criada uma moeda fictícia chamada Unidade Real de Valor (URV), onde o valor dela, em cruzeiros reais, era determinado diariamente. Desse modo, a hiperinflação seguiu seu curso afetando os cruzeiros reais, mas não a URV. Quando o valor em URV passou a ser igual a R$ 1 em julho de 1994, o dinheiro começou a entrar em circulação pelo país.

Além disso, o governo também instituiu algumas medidas de controle de preços, ao promover uma abertura maior às importações e adotar as chamadas âncoras cambial e monetária, onde a primeira ajudava na fixação do valor da moeda e barateava o custo dos produtos importados e a segunda auxiliava no controle do volume de dinheiro em circulação, evitando a pressão sobre os preços. 

Desde então a situação vem se mantendo estável, se comparada à inflação da época. Algumas medidas foram substituídas ao longo do tempo, como as âncoras, trocadas pelo regime de metas da inflação, que vigora até os dias de hoje. No caso, seu funcionamento se baseia na promessa das autoridades monetárias (como o  Banco Central e o Ministério da Economia) em cumprir as metas estabelecidas para controle da inflação, tanto no ano corrente quanto no próximo. Essas metas acabam servindo de amparo para as expectativas do mercado em relação, deixando a situação mais sob controle.

Bom, agora que você sabe um pouco mais sobre a história da inflação no Brasil e como passamos por um dos momentos mais difíceis há cerca de 30 anos atrás, que tal saber um pouco mais sobre os tipos de inflação e suas causas?

Tipos de inflação 

Apesar de existirem diversos tipos e causas para a inflação é importante dizer que mais de uma pode ocorrer ao mesmo tempo. Na verdade, é bem comum que uma acabe iniciando em decorrência da outra ou que estejam em algum grau inter-relacionadas. Dentre os tipos mais comuns, podem ser citados:

1. Inflação de demanda

Se você se lembra da famosa lei da oferta e demanda, vai entender facilmente essa. Precedida geralmente por um cenário onde há aumento nos ganhos financeiros da população, ela acaba ocorrendo quando há muita procura por bens e serviços, mas a pouca disponibilidade deles, pois a produção de bens não acompanhou essa procura. Como medida para regular essa demanda, as empresas elevam o preço de seus bens e assim a inflação acontece. 

2. Inflação de oferta

Também conhecida como inflação de custos, ela geralmente ocorre quando há um aumento nos custos de insumos e matérias primas bastante utilizados na produção de diversos produtos e serviços como petróleo, gás, fertilizantes, minérios, água e energia elétrica. Quando isso acontece, o mais comum é que esse aumento seja simplesmente repassado aos consumidores através da elevação do valor do produto final. Um belo exemplo disso são as frequentes crises hídricas que o Brasil enfrenta. Quando elas acontecem, o governo precisa recorrer às termelétricas, que têm custo maior, gerando a criação de novas tarifas energéticas. Isso acaba acarretando em um aumento nos preços não somente para o consumidor final, mas em toda a cadeia produtiva.

3. Inflação Monetária

A inflação monetária possui um efeito semelhante à inflação de demanda, porém diferentemente desta, a população não tem um ganho de verdade. Ela ocorre quando o governo emite dinheiro com o intuito de aquecer a economia, porém acaba fazendo isso de maneira descontrolada. Com mais dinheiro em circulação, mas não mais bens e serviços produzidos, as empresas sobem os preços com o intuito de conter todo esse dinheiro que foi inserido no mercado e assim a inflação acontece. O exemplo do denário de Diocleciano dito mais acima é um exemplo claro desse tipo de inflação.

4. Inflação inercial

Essa, dentre todas que serão apresentadas, com certeza é a mais curiosa, já que ela não ocorre necessariamente por mudanças no mercado. Também chamada de “inflação psicológica”, ela ocorre quando as pessoastêm a expectativa de que haverá algum reajuste nos preços, geralmente porque passaram recentemente por uma experiência do tipo, ou porque de fato houve uma alta nos preços. Contudo, acreditando que essa situação continua acontecendo, ou que poderá acontecer novamente, os comerciantes sobem os preços de forma antecipada, antes mesmo de existir um aumento real.

5. Estagflação

Este fenômeno ocorre quando há uma alta nos preços associada a um cenário de estagnação econômica e alto desemprego de um país, por isso “estagflação” (estagnação + inflação). É difícil dizer quais os motivos que podem levar a tal situação, já que há diversas variáveis que podem contribuir para isso, desde de políticas externas mal formuladas até crises mundiais em setores estratégicos como o energético e o de commodities, que acabam afetando toda a cadeia econômica de diversos países.

Esse tipo de inflação é um dos mais difíceis de se combater, justamente porque as medidas geralmente utilizadas em outro cenários inflacionários não se aplicam tão bem a esse. Por exemplo, se o governo adotar políticas de elevação dos juros para conter a inflação, poderá desacelerar ainda mais a economia e gerar mais desemprego. Por outro lado, se forem feitas políticas com o intuito de fomentar a atividade econômica e a geração de empregos, a inflação pode sair ainda mais de controle, criando um cenário de inflação de demanda.

6. Hiperinflação

Esta situação ocorre quando a inflação fica totalmente fora do controle, ficando acima do patamar de 50% ao ano. Só com isso, dá para ver o quão absurda foi a hiperinflação citada anteriormente, nas décadas de 80 e 90 que chegou até 5000% em determinado momento. Conforme você viu no exemplo brasileiro, quando isto acontece, os preços chegam a um nível tão alto que os reajustes acontecem a todo momento e o governo não consegue mais segurar o movimento inflacionário.

7. Inflação estrutural

A inflação estrutural ocorre basicamente quando a infraestrutura de um país está tão defasada que compromete toda a cadeia dos setores produtivos e econômicos. Imagine o sistema de estradas de um país. Se elas estiverem em más condições, os caminhões e demais veículos que transportam diversos produtos podem sofrer vários problemas e precisar de manutenções frequentes. Esse gasto com manutenções é repassado para a empresa que contratou o serviço de transporte, que por sua vez é repassado para o produto, encarecendo o preço dele para o consumidor final, gerando assim a inflação.

8. Inflação reprimida

Ocorre quando o governo adota políticas de congelamento de preços, com a intenção de frear altas ou escassez de produtos em determinados setores da economia. Ironicamente isso acaba surtindo o efeito contrário, como novamente, Diocleciano provou séculos atrás. Imagine, por exemplo, que o governo determine a partir de hoje que o custo máximo de venda de cadeiras seja de R$ 50,00, mas o custo de produção delas seja, em média, de R$ 70,00 por unidade. O que é que acontece então? Os fabricantes de cadeiras simplesmente param de produzi-las, já que não trabalharão com um produto que lhes traga prejuízo, gerando escassez no mercado. Naturalmente, uma vez que os preços são descongelados a inflação reprimida vem toda de uma vez.

9. Inflação espiral

Esse fenômeno ocorre quando há reajustes ou aumentos nos salários com o intuito de reverter um cenário recente de inflação, que diminuiu o poder de compra dos trabalhadores. A partir daí, a situação que se segue é semelhante à da inflação monetária. Com mais dinheiro nas mãos das pessoas, as marcas aumentam o preço de seus produtos para comportar esse aumento na demanda, gerando assim mais inflação.

10. Inflação Global

Esta situação acontece quando há uma crescente global da inflação em diversos países, geralmente motivada por intercorrências que afetam toda a cadeia produtiva e econômica do mundo. Atualmente, observa-se uma tendência dessa inflação, motivada especialmente por conta dos efeitos da pandemia de COVID-19 e da Guerra na Ucrânia, reduzindo a oferta de diversos produtos.

Agora que você sabe um pouco mais sobre os principais tipos de inflação, que tal entender de vez quem está por trás de seus índices?

Como ela é calculada?

No caso de nosso país, o índice de inflação é calculado a partir de diversos índices de preços, sendo que cada um contribui para o cálculo da inflação à sua maneira. Os principais índices do Brasil são:

IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo)

É o principal índice de inflação do Brasil, sendo utilizado como base para o sistema de metas da inflação do governo. Realizado pelo IBGE, o índice leva em consideração famílias que possuem renda mensal entre 1 e 40 salários mínimos, número que engloba a maior parte da população de nosso país, dando a ele um nível de confiabilidade sem igual. Seu cálculo é baseado na variação de preços mês a mês da cesta de produtos e serviços mais consumidos da população, como alimentos básicos, atividades de lazer mais procuradas, gastos com energia, água, transporte, combustível etc. Com isso é possível identificar o quanto os preços aumentaram ou diminuíram de um mês para o outro.

IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado)

Sendo outro importante indicador da variação de preços em nossa economia, o IGP-M é mantido e realizado pela FGV e difere-se essencialmente do IPCA por concentrar seus esforços em uma análise mais abrangente, considerando outros setores da cadeia econômica.

Ele é composto de três outros índices da FGV, sendo eles:

Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA): mede a variação de preços de bens agrícolas e industriais comercializados de empresa para empresa, representando 60% do IGP-M.

Índice de Preços ao Consumidor (IPC): como o IPCA, calcula a variação dos preços da cesta de bens e serviços das famílias, contudo mede a renda daquelas que possuem entre 1 e 33 salários mínimos. Representa 30% do IGP-M.

Índice Nacional de Custo da Construção (INCC): mensura as oscilações dos valores de itens do mercado de construção civil como materiais, mão de obra e equipamentos. Representa 10% do IGP-M.

Por conta dessa análise mais extensa, o IGP-M acaba medindo a variação de preços em mais etapas da cadeia produtiva, avaliando os impactos da inflação não somente no consumidor final, mas também nos setores empresariais.

O que fazer para minimizar os impactos da inflação?

Algumas medidas que você pode fazer para conter os impactos da inflação incluem:

  • Controlar seus gastos, cortando especialmente aquilo que for supérfluo ou desnecessário, além de se atentar aos desperdícios e economizar onde puder.

  • Comparar preços a todo momento em diferentes locais, como sites, apps, lojas físicas e panfletos.

  • Procurar uma renda extra.

  • Procurar investimentos que não possuem um impacto tão significativo da inflação como títulos públicos do Tesouro Direto atrelados ao IPCA.

E aí? Gostou de saber mais sobre como a inflação impacta em seu dia a dia? Então, não deixe de conferir mais artigos do nosso blog, clicando aqui!

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